Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), as superbactérias já são uma urgente ameaça ao mundo. Em 2016, o relatório Tackling Drug-resistant Infections Globally já estimava que cerca de 700 mil pessoas morrem ao ano em decorrência das infecções causadas por bactérias resistentes a tratamentos. Mas a alteração genética que as torna mais fortes, e que ocorre naturalmente com o tempo, não é a responsável pelo alerta vermelho que vivemos atualmente. Na verdade, a crise é uma consequência direta do uso indiscriminado de antibióticos, o que também tem piorado durante a pandemia de Covid-19.
O que são e como surgem as superbactérias
Superbactérias são microrganismos resistentes aos tratamentos. O surgimento das ‘bactérias multirresistentes’, como também são conhecidas, tem sido acelerado pelo uso inadequado e excessivo de antibióticos. Isso ocorre, principalmente, quando o tratamento é interrompido contra a indicação do médico ou é feito o uso inadequado da droga, seja usando por mais tempo do que o indicado, na dosagem errado ou usando um medicamento inadequado para o caso.
Se, por um lado, a precarização da higiene aumenta a proliferação de bactérias, seja em ambiente comum, seja em ambiente hospitalar, o uso inadequado e excessivo de antibióticos tem fortalecido os microorganismos. Isso vai contra o senso comum, que muitas vezes acredita em um organismo “viciado” em medicamentos de uso cotidiano.
Uso inadequado e excessivo
A população não é a única responsável por tudo isso. Pelo contrário, as instituições de saúde e, principalmente, o setor agropecuário, impactam muito mais fortemente essa nova ameaça global à saúde de humanos e animais. O primeiro, quando, em decorrência da contaminação durante procedimentos invasivos, intensifica a prescrição de antibióticos e faz surgir a temida superbactéria hospitalar. Nesse sentido, o saneamento básico precário de hospitais também é uma grande parte da equação.
Já o setor agropecuário tem sua alta parcela de culpa porque utiliza antibióticos para acelerar o crescimento de animais saudáveis, em vez de tratar apenas os doentes. Ainda não há consenso entre médicos e cientistas, mas estima-se que microorganismos e restos de antibióticos cheguem aos humanos por meio de alimentos e água, entre outros meios, alterando a saúde de diferentes formas.
Medicamentos falsos
Por fim, é preciso destacar que a baixa qualidade e a falsificação de medicamentos também contribui para a resistência bacteriana. Essas drogas não são capazes de propiciar tratamentos realmente eficazes porque não exterminam totalmente os microorganismos que causam a doença. Desta forma, criam um cenário perfeito onde as bactérias remanescentes tornam-se mais resistentes e multiplicam-se, fazendo surgir as superbactérias.
Perigo máximo
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o principal agravante da resistência a antibióticos é a redução de opções para o tratamento de infecções mais graves, especialmente no público de risco, como crianças, idosos e imunossuprimidos. E isso ainda pode piorar quando as bactérias tornam-se multirresistentes – não respondem a diferentes antibióticos -, inviabilizando qualquer tipo de tratamento.
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Fontes: Anvisa I Galileu I Tua Saúde I CNN Brasil I Relatório I Eurofarma I El País Brasil I UN Brasil I G1