A ideia de falar sobre a felicidade veio a nós em uma reunião de trabalho. O ano de 2019 chegava ao fim e refletíamos sobre tudo o que fizemos ao longo daqueles 12 meses.
Trabalhamos com medicamentos especiais, terapias complexas. Nossos clientes, em sua maioria, estão em tratamento de algo que afeta sensivelmente sua qualidade de vida. Mas, o que vemos quando chega um cliente no balcão de uma de nossas unidades está muito longe de ser chamado de enfermidade. Pelo contrário, vemos pessoas que buscam a vida.
E quando você não deixa a vida passar, mas vai em busca de tudo o que ela pode lhe oferecer, quanta coisa acontece!
Inspirados por nossos clientes e seus olhares cheios de vida, buscamos saber sobre diferentes pontos de vista a respeito da felicidade.
O relato abaixo é da nossa querida Caroline Bianchi (@depoisdocancer). Esperamos que as palavras dela despertem em você tanto entusiasmo e gratidão quanto despertou em nós.
“Me pediram para escrever sobre felicidade. Um texto simples que seria publicado em um site. Falar sobre felicidade de simples nada tem. Pode ser conjugado com simplicidade, nunca com simples. Pode parecer difícil falar quando se passa por um turbilhão de emoções, um tsunami que transforma o mar calmo em ondas gigantes, ou quando não conseguimos nos conectar ao eu de verdade. Aquele eu que faz sentido. Tá tudo bem não fazer sentido de vez em quando.
Um diagnóstico de um câncer pode não fazer sentido nenhum no momento em que se lê o laudo. Mas o tempo passa. E aquele clichê que mais se escuta é real oficial. A sentença de dor e morte é, na verdade, a sentença de vida. Uma ressurreição urgente. A morte do eu antigo para um eu que vê felicidade na simplicidade. Na intensidade. No detalhe. No pouco. Uma cura interna que vai muito além da cura física. Sente-se dores. Vão-se amores. Renascem flores. Os espinhos morrem. A vida se colore. Tudo acontece num simples piscar de olhos. E que maravilha é abrir e fechar os olhos a cada amanhecer, não é?
Já parou para pensar na loucura que é essa felicidade? Olhei essa foto e lembrei. Tinha tantos motivos para me sentir infeliz. Mas meu sorriso aniquilava qualquer chance de tempestade. O que mais eu podia querer? Uma careca, duas pernas, brisa do mar e uma imensidão de (a)mar.
Esse texto não é uma conclusão, nem o final do que me pediram para elaborar. É uma mera constatação da incógnita que é sentir felicidade. Felicidade é ser. Ser gratidão, ser amor, ser perdão. Felicidade é estar. Estar no mar. Estar no coração de alguém. Estar aqui. Nessa vida. No hoje. No agora. O cabelo volta. Os cílios vem. As sobrancelhas renascem. A alma fica. E fica cada dia mais bonita. Viva. Felicidade é isso. É alto e baixo. É tristeza e colorido. É alegria e choro. É saber que a vida urge. Que o que importa está dentro de si. Tudo passa. Nada é. Tudo está.”
(Publicado em 14/01/2020)
