Cânceres de mama, colo do útero e ovário, além da endometriose, estão entre as patologias que podem ser detectadas precocemente por meio de procedimentos de rotina
As doenças que envolvem o universo feminino, como o câncer e a endometriose, necessitam de maior atenção, tanto pela gravidade quanto pelo grande impacto sobre a qualidade de vida da mulher. Os exames preventivos, quando feitos regularmente com a devida prescrição médica, facilitam o diagnóstico precoce, especialmente das patologias mais incidentes. Por isso, na visão de especialistas, as consultas de rotina são essenciais para prevenir doenças que ameaçam cada vez mais a expectativa de vida das mulheres.
Câncer de mama
Considerado o tipo mais comum entre a população feminina, para a qual a estimativa de novos casos é de 57.960 para 2017 (INCA).
De maneira geral, há duas formas de prevenção. Primeiramente, as mudanças de hábitos de vida, como adoção de uma dieta saudável rica em frutas e verduras e pobre em gorduras de origem animal, baixa ingestão de bebidas alcoólicas e prática de atividade física regular. Outra forma de prevenção visa a detecção precoce do câncer de mama antes mesmo do aparecimento dos sintomas e inclui o auto-exame, o exame clínico realizado pelo médico mastologista ou ginecologista, além da mamografia, que ainda é o procedimento prioritário para a população em geral. A ecografia mamária e a ressonância magnética de mama também são formas importantes de detecção, porém são utilizadas como exames complementares para avaliação de alterações detectadas durante a mamografia ou exame clínico, ou seja, quando necessitam de investigação adicional.
Câncer de colo do útero
Conforme o Instituto Nacional do Câncer, este é o terceiro tipo mais frequente entre as mulheres, com previsão de 16.340 ocorrências para 2017.
Na década de 1990, por exemplo, 70% dos casos diagnosticados eram de doença invasiva, no estágio mais agressivo. Atualmente, mais de 40% dos casos diagnosticados são de lesões precursoras e localizadas (in situ).
O câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos (16 e 18) do Papilomavírus Humano (HPV). A infecção genital por este vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes.
A melhor forma de identificar alterações que possam evoluir para o câncer de colo do útero é através do exame preventivo (o Papanicolau), que deve ser realizado periodicamente por recomendação de um ginecologista.
Câncer de ovário
Segundo o Instituto Nacional de Câncer, o câncer de ovário é o mais difícil de ser diagnosticado e o de menor chance de cura. Cerca de 3/4 dos cânceres dessa região apresentam-se em estágio avançado no momento do diagnóstico. No Brasil, a estimativa de novos casos é de 6.150 para 2017.
A doença, apesar de apresentar altas chances de cura em estádios iniciais, tem a maior taxa de mortalidade relativa entre todos os tumores ginecológicos, justamente pela dificuldade de diagnóstico precoce apontada por especialistas. A realização de exames complementares de imagem e os chamados “marcadores tumorais”, a investigação de alterações genéticas que associam risco específico e, até mesmo, a realização de cirurgias profiláticas, onde se retiram os ovários e as trompas após a menopausa, contribuem para a prevenção.
Endometriose
Trata-se de uma enfermidade inflamatória, caracterizada pela dor pélvica crônica, sintoma comum a outras doenças e que pode retardar a detecção. De acordo com dados da SBE (Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva), atualmente, já são mais de 7 milhões de mulheres com a doença no país. Especialistas alertam que a endometriose tem um perfil progressivo e que o atraso no diagnóstico poderá gerar, muitas vezes, a necessidade de tratamentos mais agressivos no futuro, como cirurgias complexas e uso de medicação contínua.
O diagnóstico da endometriose, na maioria dos casos, é feito através de cirurgia laparoscópica, o que consiste num procedimento invasivo que pode gerar resistência, especialmente porque a doença afeta as mulheres ainda em idade reprodutiva (entre 20 e 40 anos).